Tipos de Zonas de Proteção em Portugal
Zona de Proteção Especial de Castro Verde (PTZPE0046):
Criada em 1999 e posteriormente alargada em 2008, é a área estepária mais representativa de Portugal, com 85.345 ha de área total e cerca de 60.000 ha de pseudo-estepe. Abrange território de 6 municípios: Aljustrel (19%), Almodôvar (4%), Beja (12%), Castro Verde (85%), Mértola (8%) e Ourique (3%). Esta ZPE tem como habitats predominantes áreas agrícolas extensivas, desprovidas de vegetação arbóreo-arbustiva, vocacionadas para a agricultura e pecuária extensiva; inclui também montados de azinho, charnecas dominadas por esteval e olivais tradicionais.
Zona de Proteção Especial do Vale do Guadiana (PTZPE0047):
Criada em 1999, tem uma área de 76.547 ha e sobrepõe-se ao Parque Natural do Vale do Guadiana (93%) e ao SCI (Sítio de Interesse Comunitário) do Guadiana (23%). Abrange território de 4 municípios: Alcoutim (1%), Beja (5%), Mértola (82%) e Serpa (8%). Esta ZPE é composta por planícies com culturas extensivas de sequeiro, áreas de esteval e montados de azinho, pelas elevações das Serras de S. Barão e Alcaria Ruiva e pelos vales encaixados do Rio Guadiana e afluentes, com escarpas e matagais mediterrânicos.
Zona de Proteção Especial de Mourão/Moura/Barrancos (PTZPE0045):
Criada em 1999, com 84.909 ha, abrange território dos municípios de Barrancos (21%), Moura (59%), Mourão (20%) e Serpa (1%). Parte desta ZPE sobrepõe-se ao SCI (Sítio de Interesse Comunitário) de Moura/Barrancos (47%). É uma ZPE muito heterogénea, com área agrícola aberta de cerealicultura extensiva e montados de azinho e sobreiro; possui pastagens permanentes, vinha e olival; apresenta ainda linhas de água mediterrânicas da sub-bacia do Ardila e alguns afloramentos rochosos.
Zona de Proteção Especial do Tejo Internacional, Erges e Pônsul (PTZPE0042):
Criada em 1999, tem 25.775 ha e sobrepõe-se ao Parque Natural do Tejo Internacional (76%). Abrange o território dos municípios de Castelo Branco (47%), Idanha-a-Nova (44%) e Vila Velha de Rodão (4%). Esta ZPE é composta essencialmente pelos vales dos rios Tejo, Pônsul, Aravil e Erges, e seus afluentes, caracterizados por encostas declivosas, cobertas por matagal mediterrânico; as áreas adjacentes, mais aplanadas, são cobertas por montado de azinho, eucaliptais, olival tradicional, culturas de sequeiro e pastagens.
Zona de Protecção Especial de Piçarras (PTZPE0058):
Classificada pela legislação nacional em 2008, esta é uma pequena área de pseudo-estepe, com 2827 ha. Abrange os territórios de Ourique (cerca de 75%), Castro Verde (cerca de 15%) e Almodôvar (cerca de 10%). O principal uso do solo é a estepe cerealífera, baseada no cultivo extensivo de cereais num esquema tradicional de rotação de culturas. Tal resultou num mosaico de searas, alqueives, restolhos e pousios. Os pousios são geralmente utilizados como pastagem para gado ovino e bovino. Existe também montado de azinho e de sobro, matos e olivais. A ZPE caracteriza-se por terrenos planos com declives suaves, que cobrem extensas áreas de baixa altitude (entre os 100 e os 300 m).
Zona de Protecção Especial da Costa Sudoeste (PTZPE0015):
Criada em 1999, inclui 56 953 ha de ambiente terrestre e 17 462 ha de ambiente marinho. Abrange território de Aljezur (43%), Odemira (12%), Sines (5%) e Vila do Bispo (62%). É composta maioritariamente por habitats costeiros, incluindo arribas altas, praias e dunas. Encontram-se também diferentes tipos de uso de solo agrícola, incluindo sistemas e culturas tradicionais associadas à agro-pecuária, culturas de sequeiro, pomares e montado de sobro. Esta ZPE é reconhecida pela sua importância para a conservação da avifauna, constituindo um corredor migratório para aves planadoras, marinhas e passeriformes.
Zona de Protecção Especial de Évora (PTZPE0055):
Com 14 707 ha, esta área encontra-se exclusivamente no concelho de Évora e corresponde a cerca de 11% da área do concelho. Inclui essencialmente áreas agrícolas onde predomina o cultivo de cereais em regime extensivo e algum regadio, olivais e vinhas. As pastagens são usadas para a pecuária de bovinos e ovinos. A maioria da área tem gestão privada. Esta ZPE constitui uma localização importante de conectividade entre as populações de aves estepárias a norte e sul desta ZPE.
Zona de Protecção Especial de Cuba (PTZPE0057):
É uma área agrícola onde predomina o cultivo de cereais, parcialmente irrigada pelo sistema de rega do Alqueva. Abrange território de Beja (cerca de 90%) e de Cuba (cerca de 10%). Inclui pastagens para a pecuária, pequenos olivais e montados de azinho. É crucial para a conservação de aves estepárias, abrigando espécies como a abetarda e o sisão, que sofrem com ameaças principalmente relacionadas com a intensificação agrícola e a perda de sistemas extensivos.
Zona de Protecção Especial de Rios Sabor e Maçãs (PTZPE0037):
A região é caracterizada por vales encaixados e relevo montanhoso, com rica diversidade de vegetação e ocupação humana, destacando-se atividades como a olivicultura, pastorícia, apicultura, exploração madeireira e caça. Abrange os territórios de Alfândega da Fé (5%), Bragança (15%), Macedo de Cavaleiros (5%), Miranda do Douro (0,5%), Mogadouro (31%), Torre de Moncorvo (8%) e Vimioso (35%). As condições naturais favorecem a nidificação de aves rupícolas. A preservação das margens dos rios e a qualidade das águas sustentam populações de aves como a cegonha-preta e o melro-de-água, tornando a zona um corredor ecológico importante em Trás-os-Montes, que beneficia tanto espécies residentes como migradoras.
Zona de Protecção Especial do Douro Internacional e Vale do Águeda (PTZPE0038):
A região é marcada por uma ampla faixa de terreno com vales escarpados em substratos graníticos, apresentando rica diversidade ecológica. Abrange território de Almeida (0.2%), Figueira de Castelo Rodrigo (36%), Freixo de Espada à Cinta (25%), Miranda do Douro (9%), Mogadouro (15%), Torre de Moncorvo (3%) e Vila Nova de Foz Côa (6%). As encostas possuem vegetação variada, afetada por fatores como o declive e exposição solar, com matos de esteva e giesta e bosques de zimbro, azinheira, sobreiro e carvalho-cerquinho. Enquanto os planaltos e vales suaves são mais utilizados para cultivo e pastoreio, a disponibilidade destas áreas junto às encostas é essencial para a biodiversidade de aves. A ZPE é um importante refúgio para aves rupícolas na Europa.
Zona de Protecção Especial do Campo Maior (PTZPE0043):
Com 9 579 ha, esta área encontra-se exclusivamente no concelho de Campo Maior e corresponde a cerca de 39% da área do concelho. A área em torno do Rio Xévora apresenta um mosaico de habitats que combina montados abertos e pastagens extensivas, onde a agricultura de regadio é predominante. Na zona Sul, a atividade agrícola é intensa, com destaque para o cultivo de cereais e rotação de culturas que incluem hortícolas e forrageiras.
Esta região é importante para a conservação de aves estepárias e representa um dos principais locais de invernada do grou em Portugal.
Zona de Protecção Especial de Veiros (PTZPE0052):
Com cerca de 2000 ha, a ZPE de Veiros abrange os territórios de Monforte e Estremoz (cerca de 50% em cada um). Esta área é caracterizada por pastagens extensivas e cultivo de cereais, utilizados principalmente para pecuária de bovinos e ovinos. Tem também pequenos olivais e montado de azinho. A área é fundamental para a conservação de aves estepárias, pelo que a sua gestão deve promover práticas agrícolas sustentáveis, como a manutenção da cerealicultura extensiva e a preservação de montados e olivais tradicionais.
Zona de Protecção Especial de Vila Fernando (PTZPE0053):
A ZPE de Vila Fernando é uma região agrícola com cultivo predominante de cereais em regime extensivo ou semi-intensivo, além de pequenos olivais tradicionais e montados de azinho. Abrange o território de Elvas (aproximadamente 96%) e Monforte (aproximadamente 4%). A área é dominada por sistemas agro-silvo-pastoris abertos e constitui uma zona crucial para a conservação de aves estepárias.
Zona de Proteção Especial de Vale do Côa (PTZPE0039):
Classificada em 1999, compreende uma área de 20 607 ha, essencialmente com relevo montanhoso que corresponde à bacia terminal do rio Côa e o rio Massueime. Caracteriza-se por matos pré-florestais, sobreirais, azinhais e zimbrais. As suas encostas escarpadas são ideais para a avifauna rupícola, nomeadamente o britango, a águia-real, o grifo e a águia-de-Bonelli. A área apresenta um mosaico de habitats moldados por vários setores de atividade como a pastorícia e as culturas de olival, amendoal e vinha.